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Nova Mesa Diretora de Caeté: 6 por 1/2 dúzia

O ano de 2025 começa em Caeté com a promessa de continuidade no poder legislativo, mas não no bom sentido. A nova mesa diretora da Câmara Municipal, eleita por unanimidade, é composta pelos mesmos nomes que comandaram o último mandato, apenas com funções trocadas. Nandinho assumiu a presidência, Ze Maria é agora o vice, e Tequinho ocupa a função de secretário. Um arranjo que simboliza a repetição de práticas políticas que tanto desgastam a imagem da cidade.
O que poderia ser uma oportunidade para renovar lideranças e trazer novos rumos à Câmara Municipal foi, na verdade, um espetáculo de conivência e acomodação. Não houve disputa, debates ou qualquer tentativa de ruptura com o passado recente. Pelo contrário, a eleição unânime foi um gesto de apoio explícito a políticos que carregam condenações na Justiça pelo escândalo da “Festa do PIX”.

A “Festa do PIX” e a mancha na política local
Nandinho, Ze Maria e Tequinho foram condenados pelo esquema que ficou conhecido como “Festa do PIX”. O caso, denunciado pelo Ministério Público, revelou que, durante o evento comemorativo do Dia do Trabalhador, em 1° de maio, os vereadores distribuíram brindes e realizaram transferências via PIX como forma disfarçada de captação ilícita de votos. A condenação judicial, mesmo sendo em primeira instância e permitindo que continuem nos cargos, mancha suas trajetórias políticas e coloca em xeque a integridade do legislativo local.
A permanência desses vereadores no comando da Câmara é vista por muitos como uma afronta à moralidade pública.
Como é possível que os maiores representantes do legislativo municipal sejam indivíduos condenados por práticas que violam os princípios democráticos? A resposta talvez esteja na falta de mobilização política e na apatia dos próprios parlamentares, que preferem o caminho mais fácil da continuidade a arriscar transformações que poderiam ser impopulares entre seus pares.

Uma liderança simbólica ou conivente?
A eleição de Nandinho como presidente, com o apoio de todos os vereadores, é simbólica: demonstra que não há, no legislativo local, vontade ou coragem para romper com as práticas do passado. Mais do que isso, ela reforça uma cultura política onde troca de funções se confunde com renovação, e onde manter as mesmas figuras no poder é interpretado como sinônimo de estabilidade.
No entanto, essa “estabilidade” custa caro à cidade. Caeté não só tem uma Câmara liderada por figuras condenadas pela Justiça como também mantém uma gestão legislativa incapaz de se comprometer com valores éticos e de transparência. A manutenção desse trio no comando reforça a ideia de que o legislativo municipal se tornou um clube fechado, onde interesses pessoais prevalecem sobre as demandas da população.


A vergonha de um legislativo sem credibilidade
A permanência de Nandinho, Zé Maria e Tequinho no poder não é apenas uma questão de continuidade administrativa; é um reflexo da vergonha que recai sobre Caeté. Em vez de ser um modelo de renovação e compromisso com o bem público, a Câmara se consolida como um espaço onde as mesmas práticas questionáveis são reproduzidas ano após ano, desmoralizando a política local.
Enquanto isso, a população de Caeté assiste, com indignação e descrença, ao desenrolar de um cenário político onde os líderes do legislativo parecem mais preocupados em proteger seus próprios interesses do que em representar os anseios da comunidade.

O caso da “Festa do PIX” deveria ser um divisor de águas, uma oportunidade para que a Câmara Municipal se reconectasse com os valores éticos e democráticos. Em vez disso, a eleição da nova mesa diretora mostra que, em Caeté, o legislativo ainda está preso em um ciclo vicioso de repetição, mediocridade e conivência.
Se a cidade pretende mudar o rumo de sua história política, a resposta não virá daqueles que insistem em trocar cadeiras entre si, mas da própria população, que precisa exigir mais de seus representantes e do sistema que os mantém no poder.


Leonam Senun, Caeté em Dados – 02 de janeiro de 2025

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