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A Justiça é Necessária

  • O discurso ‘desnecessário’ de um vice-prefeito investigado: corrupção, cinismo e o desprezo pela justiça•

A política brasileira, muitas vezes marcada por escândalos e corrupção, alcançou mais um capítulo lamentável no caso que ficou conhecido como a Festa do PIX. Neste esquema vergonhoso, o vice-prefeito Diemerson Porto, ao lado do prefeito e de outros quatro vereadores eleitos, está sendo investigado por compra de votos. A denúncia, apresentada pelo Ministério Público, desnudou a podridão de uma prática que deveria ser impensável em uma democracia séria.

Mas, como se não bastasse o envolvimento no escândalo, Diemerson Porto decidiu ir além da desonra e protagonizar um discurso que beira o absurdo. Visivelmente incomodado com a repercussão do caso nas redes sociais e nas principais mídias do país, o vice-prefeito declarou, com ares de indignação, que as denúncias seriam “desnecessárias”.

“Desnecessárias”? Quem poderia acreditar que um político, acusado de ferir gravemente os princípios da democracia, teria a audácia de minimizar denúncias que têm por objetivo justamente resguardar a integridade do processo eleitoral? A fala de Diemerson Porto é mais do que um deboche à inteligência do cidadão brasileiro; é também um desrespeito direto ao trabalho sério e incansável do Ministério Público, que levou adiante as investigações e, ao que tudo indica, fundamentou uma acusação sólida.

Ao desqualificar as denúncias, o vice-prefeito não apenas expõe o seu desprezo pelos princípios éticos que deveriam nortear a gestão pública, mas também tenta deslegitimar o trabalho de instituições que são pilares da nossa democracia. Ao tripudiar da justiça, Diemerson Porto tenta transformar uma denúncia gravíssima em um “incômodo” pessoal, como se as redes sociais e a imprensa fossem as responsáveis por sua mácula política, e não os atos ilegais pelos quais ele e seus aliados estão sendo investigados…

O cúmulo da hipocrisia veio quando Porto, em um gesto que só pode ser descrito como cínico, convidou os críticos a “governarem com eles”. Mas como governar com pessoas acusadas de corrupção? Como se aliar a quem aparentemente prefere que os crimes sejam varridos para debaixo do tapete, em vez de enfrentarem a devida punição?
O que se espera de um vice-prefeito, principalmente em um momento de crise, é que apresente explicações concretas, assuma responsabilidades e defenda o interesse público. Em vez disso, temos alguém mais preocupado em minimizar o impacto de suas ações do que em reparar os danos à credibilidade das instituições e da gestão publica.
O caso da Festa do PIX não é só mais um escândalo de corrupção. Ele é um alerta para a necessidade de vigilância da sociedade sobre aqueles que ocupam cargos públicos.
Quando políticos como Diemerson Porto se voltam contra o trabalho de órgãos de controle, é um sinal claro de que há algo muito errado – e que cabe à população, à imprensa e às instituições competentes assegurarem que isso não passe impune.
Se o vice-prefeito acha as denúncias
“desnecessárias”, talvez devesse se lembrar de que o verdadeiro excesso aqui não está na justiça ou nas redes sociais, mas nos crimes que ele e seus aliados estão sendo acusados de cometer.

  • Caeté em Dados, 18 de dezembro de 2024 •
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